Quando o governo investe nas universidades federais, ainda assim pouco, é com o olho de quem está investido numa coisa sem futuro, senão para ele (o futuro eleitoreiro): “Capacitar” (enchem a boca) alunos pobres que fazem o vestibular e se tornam, no menor espaço de tempo, os profissionais do ensino fundamental e quiçá ou certamente do médio. No meio universitário os recursos são tão parcos que não chegam a formar cientistas, a incentivar a criatividade, a melhorar o padrão pelo desempenho no magistério. Depois, recentemente, o governo inventou as tais “quotas”, para remediar os males dos séculos passados e, em minha opinião, produzir os péssimos profissionais do futuro. A perspectiva, que já começa a apontar, é a de termos açougueiros em vez de médicos; mestres-de-obras em lugar de engenheiros de prédios, metrôs, pontes, etc.; e, em lugar de arquitetos, maus reconstrutores do que já foi construído, péssimos inventores de uma nova arte, indicando uma nova era, para que a história se projete no futuro; em lugar de mestres de verdade, uns pobres funcionários públicos travestidos de professores, através de concursos que não dizem nada, apenas os “capacitam” para ocupar a vaga entre milhares de desempregados que deixam para trás. As famigeradas “quotas” servem para proteger quem se diz “negro”, quem declara que fez estudos em “escolas públicas”, e mais e mais outros privilégios que não sei, mas posso imaginar, uma vez que já foram criadas “bolsas para mães solteiras” e “bolsas para as famílias de prisioneiros”.
Para esses governos, o que mais está na mira são os atuais modelos de atraso: Venezuela, Cuba e algum país da África, talvez. Ninguém foi à Coréia do Sul para ver como eles se levantaram e se tornaram realmente uma potência, em poucos anos, pela educação competente e maciça de seus jovens. Perto nós há o Chile e o Uruguai, aos quais viramos as costas. Uma educação melhor criaria empregos, produziria e tornaria o Brasil uma dos países mais progressistas do mundo. As “passeatas” são a voz das ruas, tenho que repetir o lugar comum. Falam da necessidade da derrubada da PEC 37 (já caiu, ainda bem), da corrupção, do passe livre, da liberdade dos partidos, duma reforma política porque, com os “mensalões” e altos burocratas, lá em cima fazendo leis casuístas e se escondendo do povo, não é mais possível conviver. E sem a educação integral, no verdadeiro sentido, os futuros políticos que continuarão a eleger-se serão iguaizinhos aos atuais: corruptos, irresponsáveis, eticamente lastimáveis.
Diante de tudo isto, quem pode me dizer que benefícios trouxeram ou trarão os tais de SISU e ENEM? Eles legalizam uma situação terrível, que é a falta de capacidade das Universidades de receber todos os que, felizmente, conseguem terminar o 2º grau. Segundo a Wikipédia, “o Sistema de Seleção Unificado (SISU) é uma plataforma “online” desenvolvida em 2009, pelo Ministério da Educação utilizada pelos estudantes que realizam o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para se inscreverem nas instituições de ensino superior que aderirem total ou parcialmente, com uma certa percentagem de suas vagas, à nota do ENEM como forma de ingresso, em substituição ao vestibular”.
Na minha opinião, eles (SISU e ENEM) não servem pra nada. As vagas e seu preencimento nas Universidades, numa de educação integral, seriam preenchidas normalmente sem esses instrumentos, matriculando os melhores alunos (pelas notas que estão no seu currículo – fundamental e médio), desde que os colégios sejam ótimos, não basta serem confiáveis. Mas quem é confiável no sistema educacional brasileiro, segundo a expressão do povo e da pequena mídia, “onde se finge que ensina e que estuda, e o governo finge que está cumprindo sua estrita obrigação de educar o povo?”
Quem pode ser confiável, agindo assim?
Esses sistemas tiram dos Estados a já pouca independência que possuem, apenas favorece os mais ricos e empobrece o estudo das condições locais nas ciências sociais e geográficas e históricas, incluindo literatura e arte. Para os Estados pobres é uma sangria, porque afinal todos contribuem para a Nação. Ou, então, para que uma Constituição Estadual, se o Estado não vale nada, e daí não pode arcar com a educação, saúde, segurança ou pelo menos administrá-las, como é do seu dever? Na Constituição do Piauí há um artigo, se não engano o de nº 126 e seus parágrafos e alíneas, que torna OBRIGATÓRIO o ensino da literatura, artes, história e geografia locais, porém, nunca os dirigentes do setor (Secretaria e Conselhos de Educação e Cultura) se dispuseram a regulamentar a lei e, assim, colocá-la no currículo de cada colégio e incentivar os escritores e pô-la em ação, para que os escritores e pesquisadores locais possam continuar estudando e mostrando seu trabalho, que, sem dúvida é muito valioso. E ficam os colégios, como que presos aos programas que vêm do Sul, recebendo ordens de adoção de livros e programas que nada têm a ver com a realidade local. As leis estaduais são letra morta. Como pode o Estado, então, realizar uma educação integral? Cadê a independência dos Estados, ex-Províncias, já que não têm a total autonomia. Cadê a nossa Federação? Ela é uma mentira.
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Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras, Teresina, PI, Brasil, e da IWA - International Writers and Artists Association, Toledo, Estados Unidos.
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