CORREIOS: ANTRO DE CORRUPÇÃO

 Teresinka Pereira*

    O caso do “Mensalão”, que tinha virado uma caixa de Pandora, finalmente ficou resolvido pelo Doutor Joaquim Barbosa, Ministro do Supremo Tribunal Federal. Os culpados foram condenados e a história se acabou! Acabou nada! A corrupção se espalhou que nem peste, sem controle e fomentada pelos donos pessoais da economia brasileira que querem privatizar o Departamento de Correios. Mesmo o mais anarquista dos brasileiros dos brasileiros deve ter consciência de que este remendo vai ser pior do que o soneto.

    Em quase todos os países capitalistas do mundo há o problema do desemprego e dos gastos que isto significa para o governo. Entretanto os empregados do governo estão insatisfeitos com o salário, com a quantidade de horas de trabalho e com a falta de benefícios. Mais que todos, os carteiros, que igualmente como as garis, trabalham de sol a sol, caminham, carregam sacolas cheias e pesadas de cartas e pacotes, e são muitas vezes recebidos por cachorros brabos ou empregadas malcriadas que fazem a entrega da correspondência mais difícil.

    Entretanto, com tudo isto não se justifica que os carteiros sejam nomeados quando são analfabetos, não sabem ler os endereços, têm preguiça de caminhar mais longe para entregar uma carta, no final da rua ou no final do bairro, ou seja, são desonestos ou roubam o dinheiro que, por ventura, alguém manda dos Estados Unidos a uma família do Brasil. Podem até ser nomeados por engano, mas quando denunciados, investigados e descobertos, que sejam postos no olho da rua como qualquer vagabundo. No Departamento de Correios, o cenário é, às vezes, da mesma qualidade: os empregados que devem separar as cartas para a distribuição não sabem ler ou não prestam atenção ao que fazem e mandam para o carteiro errado. Ou, então, resolvem que certos setores da cidade não devem ter distribuição de correio.

    A corrupção fere o cidadão brasileiro da mesma forma, mas a maneira pessoal de não poder receber uma conta de luz ou aluguel, e vai ter sua eletricidade cortada por causa do carteiro, ou não poder receber uma carta da irmã que está noutra cidade ou fora do país, me parece pior. Tirar o direito humano de um cidadão para não ter que dar uns passos a mais ou porque tem a atenção fora do trabalho, ou acha que ganha  pouco demais para ter que fazer demais, é uma crueldade.

Esta corrupção da parte dos carteiros e empregados do correio está mais que evidenciada, pelas cartas desviadas, devolvidas ou roubadas. Se a privatização acontecer, espero que pelo menos mudem todo o pessoal que agora é empregado do governo e ponham gente mais eficiente, mais atenta e mais honesta para trabalhar. O governo é o povo e o dinheiro arrecadado na venda de selos, caixas postais, etc. tem a possibilidade de voltar a beneficiar o povo de alguma forma. Privatizando o correio, o dinheiro vai para os donos das companhias e o povo não recebe nada, nem dos impostos, porque isto vai ser a primeira corrupção: a “companhia de correios” vai ter isenção! Assim, o povo vai perder duplamente. Mas vai receber suas cartas e contas e cheques e talvez até o dinheirinho enviado escondido, porque, atualmente, está proibido de por dinheiro dentro da carta.

Há lugares no Brasil que são atualmente piores que outros, com respeito à entrega de cartas. Roraima é problemática, principalmente no Correio Central de Porto Velho. A distribuição do correio lá começa mal, na Agênica Central. Mas o pior lugar de todos é Brasília, porque tem uma quantidade enorme de blocos de apartamentos, com alas de A a Z, de seções difíceis de encontrar e que os carteiros deviam saber. Receberiam eles os treinos necessários?

Estamos na era da eletrônica e os jovens, além de muitos velhos, preferem “digitar”* suas mensagens na tela e mandar instantaneamente e gratuitamente para o outro lado do mundo, ou para o apartamento do outro lado do corredor. Mas isto não é justificativa para que os carteiros recebam seu salário sem ter que trabalhar. Em outros países do mundo até os prisioneiros recebem suas cartas e mandam respostas pelo correio. Por que, no Brasil, os empregados do Correio podem violar esse direito dos cidadãos sem nenhuma punição? Será que o Ministro do Supremo Tribunal Federal tenha que bater o martelo na mesa, outra vez?

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 *Teresinka Pereira - Escritora, Presidente da “Associação Internacional de Escritores” (EE.UU.), cuja sigla em inglês é IWA, mora em Toledo, OH, USA.

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P. S. - * “Outrora, a ação de digitar era chamada de datilografar e os ruins nessa arte eram chamados de catilógrafos”.