segunda-feira, 8 de agosto de 2011

MINORIAS, O QUE SÃO?

                                       

      Francisco Miguel de Moura 
Escritor, Membro da Academia Piauiense de Letras

Bem que eu gostaria de definir o que são minorias. Se pudesse. É que vivemos num regime democrático, mas, em certos aspectos, não. São as leis e mais leis casuísticas para proteger pessoas e entidades chamadas civis – que não mostram civilidade nenhuma. Chamo a isto de proteção exagerada a minorias políticas, sociais, pessoais. Criam preconceitos e ou os açulam.  Se já somos um país cheio de preconceitos, novas intranqüilidades surgem. E os preconceitos criam minorias (ou maiorias). No Brasil, é maioria, salvo melhor juízo, a população de origem negra. Daí que, quando se fala em preconceito, vem logo a nossa cabeça o de cor, de raça. Excetuando-se alguns casos, brasileiramente, não temos preconceito contra os índios: eles são apenas nossos adversários. Há preconceito contra os amarelos (chineses e japoneses)? Não sei. São questões a ser debatidas na sociedade, com clareza, sem emocionalismo nem subjetividade. Que a nossa sociedade é plural, com certeza, sim. Somos uma democracia racial. Gosto deste pensamento, mas já vejo que as políticas recentes abrem feridas que tinham sido saradas, tomam outro rumo: A concessão de vagas na universidade a estudantes simplesmente porque são de raça negra, ou assim se declaram. Na verdade, o que deveria ter sido feito?  Oferecido escola a todos indistintamente, gratuita e boa. Como não foi feito, em quinhentos anos, agora querem consertar tudo com um decreto. Desconcerta. É tragicômico.  Por outro lado, fica-se no vai-e-vem das liberações e proibições dessas leis, ora censurando uma canção por que fala em negro, negritude, ora liberando falar e cantar o contrário. É a insustentável leveza do querer ser justo com atraso ou por antecipação. A sociedade é um tecido complexo. Mais do que se comparada com os complexos individuais e pessoais dentro dela, seja sobre variações do sexo, casamento, religião, beleza, virgindade, idade (velhice – o preciosismo melhor idade é mentira), preconceitos também contra os deficientes, enfim o elenco é grande.
 
Como é ser minoria? Você já se sentiu minoria? Já me perguntaram. Numa conversa com um amigo e também num  comentário colocado na internete, declarei que me senti minoria como feio e como ateu. Ateu, eu deixei de ser (é muito bom ter um Deus, mesmo que não seja um Deus pessoal).  De ser feio, não pude deixar: Até tentei, mas não consegui.  O amigo riu das minhas explicações. O outro, o correspondente, espinhou-se. 

Resumindo: há minorias sociais, pessoais e individuais. Só que aquelas tendem a ficar políticas. E aí é que vem a agressividade, normalmente com o desejo de se tornarem governo e, através dele, tornarem-se maioria, expandirem-se. A agressividade das minorias é perigo para as democracias, mesmo as chamadas socialistas ou socializantes. Muito déspota tem surgido no mundo, com essas minorias, e feito estrago. Em religião (seitas ou coisa que o valha) é comum. Numa eleição, que é a forma consagrada da democracia, quem ganha é a maioria. Se acontece de outra forma, há uma revolução. E as revoluções provindas daí são absolutistas, devoradoras da civilidade, dos direitos humanos, portadoras que são do flagelo das guerras intestinas. É um terreno escorregadio e perigoso.



                       Publicado no jornal O Dia, Teresina, PI, 20.8.2011

3 comentários:

Gisa disse...

Muito bem colocado e embasado. Gosto da tua análise crítica a respeito dos temas atuais. Um grande bj querido amigo.

CHIICO MIGUEL disse...

Gisa:
Que pontualidade! Isto também faz parte da inteireza de sua alma, de sua personalidade. Claro que seus elogios - são sinceros que eu sei - me colocam para frente,
me faz, sentir, pensar e escrever
com mais amor.
abraço no coração
francisco miguel de moura

Anônimo disse...

Muito bom o seu jeito de pensar e que bom que vc compartilhou.

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