BULLING É ISTO AÍ, GENTE

 BULLING É ISTO AÍ, GENTE
                                                               
 Francisco Miguel de Moura*

Você sabe o que é “bullyng”?  Pelas chamadas da TV Globo, pouco ou nada saberíamos. Por quê?

O mundo do novo milênio sofre transformações inacreditáveis. Umas, para melhor; outras para pior.  No último caso, está a educação. Poderíamos chamar o que está aí de educação?  Até a ditadura do Getúlio cantava-se o hino nacional no pátio da escola. Ouviam-se as lições do professor com atenção. Se o aluno levasse algum “enredo” para casa, seria imediatamente rechaçado pelos pais, poderiam até receber punição. Depois da ditadura, anos 1950 em diante, a escola foi aos poucos, sendo liberalizada.

Que bons tempos!  Sim, aquele tempo não era um tempo perfeito, a perfeição humana é uma meta que deve existir e persistir a vida inteira. A instituição escola não era perfeita. Mas aprendia-se a matéria dos livros e também a ser educado. Daí porque até hoje chamamos de Ministério da Educação, Secretaria de Educação... A escola era uma instituição educacional a quem os pais podiam confiar seus filhos.  Tinha ordem, ética, moral e bons costumes. Certo dia, nossa escola foi visitada por um inspetor. O mestre preparou a turma para recebê-lo: - “Quando o inspetor entrar na sala, todos devem levantar-se e ficar perfilados. Só devem sentar-se quando ele mandar. É um modo de educação: levantar-se quando uma autoridade ou uma pessoa mais velha entra, quando o mestre chega”. E os alunos do mestre Miguel  Borges de Moura (Guarani) faziam assim, os das outras escolas também. Aconteceu como tinha que acontecer. Entra o inspetor, todos se levantam e batem palmas. A autoridade fiscalizadora do Ministério da Educação, depois de curtas palavras, mandou que a turma se sentasse. A escola era pública. 

Hoje a escola pública degradou-se, mais parece uma casa de mãe-joana. É incrível como, mesmo assim, ainda há alunos bons, que aprendem alguma coisa, sabe Deus como. São as exceções.  Mas lá também acontecem tristes histórias de brigas de alunos com alunos, de estudantes que xingam os professores, os diretores, os colegas. Alguns que prometem fazer e acontecer: esbofetear, esfaquear, matar. Drogas entram, meninas são estupradas, as tevês e a internete, a toda hora, mostram crimes dentro do recinto das escolas, no Brasil e do mundo. Recentemente houve o caso de um professor português (povoado de "Rio de Moura," da região de Sintra, próximo a Lisboa) que, não suportando mais os maus tratamentos, a humilhação, a vergonha que lhe eram infligidos pelos alunos onde lecionava música, resolveu suicidar-se e pôs fim a sua própria vida que se tornara um inferno.  

Leis e regulamentos existem, mas tristemente não se cumprem. A escola pública, que deveria ser o padrão, está na última escala. Com o avanço do capitalismo, a degradação dos costumes, da política  e da administração pública, a idéia foi conceder a empresas o direito de  criar  colégios e  mantê-los  à custa de pagamento dos pais dos alunos. Foi assim, que, a pouco e pouco, a escola tornou-se empresa e a “educação” mercadoria. O jornalzinho “O Nheçuano”, jul./ago. 2010, de Roque Gonzáles-RS, explica, em poucas palavras, o que é o “bullyng”, com a matéria da Profª. Andréa Fioravantti: "Uma palavra relativamente nova vem verbalizando uma situação que já é antiga: o bullyng. Sem tradução literal para o português, o termo deriva do inglês (bully, que pode ser traduzido como valentão). É aquela prática medonha e sistemática de agredir física ou emocionalmente um colega de classe, um vizinho, um professor. Sim, um professor. Os mestres que nos deixaram um legado de conhecimento que nos permitiu crescer e ser alguém na vida, agora também são vítimas dos alunos. Alunos que, na maioria das escolas, especialmente nas particulares, são vistos como “clientes”. E a velha máxima, ‘cliente sempre tem razão’, ao que tudo indica, está sendo cumprida à risca.”

Ela explicou muito melhor do que a  famosa Rede G(lobo), em seu horário nobre.

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* Francisco Miguel de Moura - escritor, membro da Academia Piauiense de Letras, já publicou cerca de 30 livros, entre poesia, conto, crônica, romance, crítica, história e biografia.