terça-feira, 3 de março de 2009

DEUS E SEUS NÚMEROS


Francisco Miguel de Moura
Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras

Estudos sobre algumas tribos indígenas brasileiras mostram que as mais primitivas só sabiam contar até 1, isto é, era o único número de que dispunham em seu vocabulário. O restante era mais ou menos assim: +1, +1, +1... Outras tribos sabiam contar até 2, 4, 5. As mais avançadas alcançavam 10, ou seja, a soma de +1+1 até chegar a 10. Quando eu estudei Aritmética, na escola de meu pai, pressenti que o que se aprendia da ciência hoje chamada de Matemática e Álgebra tinha base na unidade e tudo se resolvia com esse raciocínio, todos os problemas, e a fórmula depois foi denominada de “redução à unidade.”.

Já a prática de cada dia, logicamente demonstra ser a numeração um símbolo de alguma coisa, como é, de modo geral, a palavra. O homem, ao passo que sua massa encefálica foi crescendo, criou imagens, símbolos e sonhos. A estes os religiosos chamam de esperança e fé, daí o nascimento do símbolo dos deuses. Depois os gravou em pedra, árvores e onde puderam, com seus instrumentos primitivos, ao longo do tempo aperfeiçoados até chegar à escrita, pintura, escultura, arquitetura de hoje. A pré-história do homem inclui esta evolução.


No evolver do pensamento filosófico muitas correntes fluíram e secaram. Na filosofia minimalista moderna, a de hoje, existem realmente dois números: 1 e 0. Os matemáticos, físicos e astrônomos, com os instrumentos criados e movidos pela força da energia elétrica e outras, medem o infinitamente grande e o pequeno infinito. Chegamos ao computador mais avançado, com a linguagem dos impulsos 0 e 1, viajamos pela internete e transferimos somas de dinheiro (símbolo do valor e do poder), palavras, livros, informações, do oriente ao ocidente, do norte ao sul do planeta, e vice-versa, e também fora dele, nas viagens dos astronautas, ditas interplanetárias, todas dentro da órbita do Sol, as que trazem alguma informação precisa.

Observe-se: o 1 e 0 equivalem ao positivo e negativo da natureza. Tudo mais é soma ou subtração, multiplicação ou divisão – as chamadas operações elementares aprendidas no primário escolar. Vivemos num mundo positivo, o do Sol, nossa estrela, que viaja pela galáxia Via Láctea, levando consigo uma boa quantidade de astros. Fora o sol, sua luz e energia, tudo é escuro, frio, negativo. O que ainda não foi comprovado? A existência de outro planeta igual ao nosso na nossa galáxia nem vida semelhante à da Terra – esperança dos que trabalham consciente ou não para a destruição do Planeta Água.


Aqui perguntamos:

– Será que da grande explosão do putativamente primeiro universo, o Big Ben, adveio a multiplicidade de galáxias e estrelas, propiciando o que já estava predeterminado, o homem uno e plural, positivo e negativo, imagem singular desse universo que é Deus? Ou somos simplesmente um feliz acaso das forças do universo em colisão e reagrupamento? É isto que é a vida? Então, somos, de qualquer maneira, também um número de Deus. Um número positivo, que cabe dentro do 1.

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