domingo, 3 de outubro de 2021

 


O TEMPO DOS OLHOS

 

          Francisco Miguel de Moura*

 

Não senti o olhar de hoje,

o que passou ou o que vem.

- Com noites desencontradas,

Não há mais o que é “vai -e- vem”.

 

Quero me cuidar de mim,

mas veio o tempo das dores,

procurando ancoradouros

que já sumiram, sem fim.

 

Quando eu olho para o ontem,

só vejo um olhar mirrado

de pássaro desencantado,

sem tempo, sem amanhãs,

caindo de asas quebradas,

na escuridão das estradas,

sem pouso, sem salvação.

_______________

*Francisco Miguel de Moura, poeta.

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