quinta-feira, 25 de abril de 2024

 


CIRANDA DA MORTE

         (e da vida))

 

            Francisco Miguel de Moura*

 

 

A flor nasce aonde é lixo,

E é da flor que vem o fruto.

O homem peca qual bruto:

Come o fruto e vira bicho.

 

O homem se faz um bicho,

Não só um, mas um milhão.

Se come, vai, vive e é lixo,

E morre sem compaixão.

 

Estranhamente digestos,

Se o homem é esguicho?

Mata e come.... Mas, os restos

Viram  terra, homem\ bicho.

 

Todos: Homem, morte e lixo,

Montam o mesmo cavalo,

Da ciranda que eu espicho,

Sem fazer um intervalo.

 

Sem espera, sem regalo,

Na ciranda, como esporte,

Flor e fruto e gente, eu falo:

Oh que vida e triste sorte!

 

Paremos, então, agora.

Silêncio!  Oh! coisa comprida!

Mas ela não vai embora,

Enquanto houver flor e vida.

__________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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