sábado, 28 de janeiro de 2023

 

A HORA VAZIA

 

Francisco Miguel de Moura*

 

silêncio sem boca nem fundo

esvazia-se no jarro partido.

 

a beleza da sala chora sem lágrimas

não tece preto nem branco.

 

cacos não preenchem o vazio,

são novos buracos cravados

no sangue da mão do menino.

 

e o vazio inquebrável

como qualquer desvio

da luz e do silêncio não se move.

 

nenhuma palavra.

 

palavras não enchem o vazio

nem a inutilidade dos desejos.

 

 

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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