BRINCANDO DE COMETA
Francisco Miguel de Moura*
Como um malmequer
que a gente desfolha
ou lhe aborda ou descarta
num jogo puro de prazer.
De quem é vista, se vem
e mil vezes passa e volta
folhando ou desfolhando,
sua alma sem palma,
como veio em degelo.
Um risco na escuridão
do céu é ver como se ama
até uma coisa torta,
senão morta, em pedaços
de folhas ou pedras no chão,
e apaga e acende uma única vez.
Nem sabe se é gente ou se estrela,
vivendo o negrume de um cometa.
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* Francisco Miguel de
Moura, poeta brasileiro.
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