segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

 


BRINCANDO DE COMETA

            

               Francisco Miguel de Moura*

 

Como um malmequer

que a gente desfolha

ou lhe aborda ou descarta

num jogo puro de prazer.

 

De quem é vista, se vem

e mil vezes passa e volta

folhando ou desfolhando,

sua alma sem palma,

 como veio em degelo.

 

Um risco na escuridão

do céu é ver como se ama

até uma coisa torta,

senão morta, em pedaços

de folhas ou pedras no chão,

e apaga e acende uma única vez.

 

Nem sabe se é gente ou se estrela,

vivendo o negrume de um cometa.

__________

* Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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