A COISA BRABA
Francisco
Miguel de Moura*
Quando acordo e me vejo pelo
espelho
do meu quarto, a janela inda
fechada,
nada do que já fui, nada do
velho
me vem à frente. Onde perdi a
estrada?
Sinto-me preso a um mundo que
desaba,
sem graça, sem amor, sem
segurança.
Não sei de onde é que vem a
coisa braba,
se é por defeito meu, se é
por vingança.
Tudo foge de mim. Onde está o
homem?
O tórax sufocado pelo abdômen
e é tudo que me sobra do “eu”
aflito.
Tento entender meus males,
fecho o cenho,
mas não sei por que diabos me
contenho,
sem forças de gritar...Retenho o grito.
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*Francisco Miguel de
Moura, poeta brasileiro, mora
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