segunda-feira, 24 de outubro de 2022

 

A COISA BRABA

    Francisco Miguel de Moura*

  


Quando acordo e me vejo pelo espelho

do meu quarto, a janela inda fechada,

nada do que já fui, nada do velho

me vem à frente. Onde perdi a estrada?

 

Sinto-me preso a um mundo que desaba,

sem graça, sem amor, sem segurança.

Não sei de onde é que vem a coisa braba,

se é por defeito meu, se é por vingança.

 

Tudo foge de mim. Onde está o homem?

O tórax sufocado pelo abdômen

e é tudo que me sobra do “eu” aflito.

 

Tento entender meus males, fecho o cenho,

mas não sei por que diabos me contenho,

sem forças de gritar...Retenho o grito.  

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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br

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