A MORTE DO PAI
Francisco Miguel de
Moura
O
sonho assanha a poesia
com
dois olhos desiguais:
o
som do engenho (da fome)
e
a rede com seu badalo.
O
orvalho tece a madruga
e
o pai revoa no alto.
Como
se profeta fosse,
o
coração se tresmalha.
O
vento quebra na face
da
pedra amarela e chã,
em
letras, gotas de gótico.
A
mão estorva o menino.
A
boca separa o ricto,
sem
choro, sem rebulício
a
voz nomeia a memória.
Menino.
Silêncio. Choro.
O
sino prepara o grito.
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Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.
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