POEMA SEM MEDO
Francisco Miguel de Moura*
Meu poema nascente é um disparate,
vejo palavras-pedras, quando o tento.
E é duro mastigá-las!... Meu talento
vai, galopa na vida, ao xeque-mate.
Por ser homem do povo, eu arregaço
a mão, o braço, o pé, perco o juízo,
mesmo que nu, inteiro, esteja liso
de metáforas... Volto a ver meu traço.
Sopro, vibro, assobio e fico tonto...
Sou cavalo de pau que já não monto,
roubo espaço... E, se o mundo fica estreito,
lanço armadilhas, roubo o dicionário,
rezo orações sem bênçãos do vigário
e encontro a chave dentro do meu peito.
Teresina,
PI, 15/nov/2021
__________
*Francisco Miguel de Moura, poeta sempre,
de ontem,
de hoje e de amanhã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário