segunda-feira, 15 de novembro de 2021

 


                                                     POEMA SEM MEDO

                                               Francisco Miguel de Moura*

 

Meu poema nascente é um disparate,

vejo palavras-pedras, quando o tento.

E é duro mastigá-las!... Meu talento

vai, galopa na vida, ao xeque-mate.

 

Por ser homem do povo, eu arregaço

a mão, o braço, o pé, perco o juízo,

mesmo que nu, inteiro, esteja liso

de metáforas... Volto a ver meu traço.

 

Sopro, vibro, assobio e fico tonto...

Sou cavalo de pau que já não monto,

roubo espaço... E, se o mundo fica estreito,

 

lanço armadilhas, roubo o dicionário,

rezo orações sem bênçãos do vigário

e encontro a chave dentro do meu peito.

 

                              Teresina, PI, 15/nov/2021

__________

*Francisco Miguel de Moura, poeta sempre, de ontem,

de hoje e de amanhã.

 

 

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...