ALMA PENADA
Francisco
Miguel d e Moura*
Alma que vive ao o lixo e à poeira
da estrada desta vida, em desalinho,
não clama, nem reclama o descaminho,
pois do mundo não tem eira nem beira.
Alma sem palma, em passos desavindos,
corpo ferido, sangra... E é desprezada
à voragem do tempo, amortalhada,
sem vez nem voz, os dias lhe são findos.
Sem sentir os que passam com motejo,
nem mais outra alma vil, destrambelhada,
que murmura: – Infeliz bicho! O que vejo?
Chegando ao fim do seu único desejo,
o de morrer, a triste alma penada
sente a ave do
céu trazer-lhe um beijo.
Teresina, 15-08-2021
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*Francisco Miguel de Moura, poeta-autor, homenageando
o escritor da frase “Tanta alma esticada
no curtume”, de
Francisco
de Assis Sousa.
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