domingo, 15 de agosto de 2021

 


ALMA PENADA

                        Francisco Miguel d e Moura*

 

Alma que vive ao o lixo e à poeira

da estrada desta vida, em desalinho,

não clama, nem reclama o descaminho,

pois do mundo não tem eira nem beira.

 

Alma sem palma, em passos desavindos,

corpo ferido, sangra... E é desprezada  

à voragem do tempo, amortalhada,

sem vez nem voz, os dias lhe são findos.

 

Sem sentir os que passam com motejo,

nem mais outra alma vil, destrambelhada,

que murmura: – Infeliz bicho! O que vejo?

 

Chegando ao fim do seu único desejo,

o de morrer, a triste alma penada

 sente a ave do céu trazer-lhe um beijo.

                             

                                       Teresina, 15-08-2021

____________ 

*Francisco Miguel de Moura, poeta-autor, homenageando

o escritor da frase “Tanta alma esticada no  curtume”, de

  Francisco de Assis Sousa.

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