quinta-feira, 24 de março de 2011

ENERGIA, O QUE É ISTO?

 Francisco Miguel de Moura*

                                                  “Na Natureza nada se cria,
                                                                        nada se perde,
                                                             tudo se  transforma”
                                                                                           Lavoisier

Se não fosse o recente e triste acontecimento no Japão (tremores de terra, tsunamis e invasão das ondas às usinas nucleares de Fukushima), nada saberíamos do plano de instalação de uma usina nuclear no Piauí. Mas o atual governador declarou que vai rever e reestudar o assunto junto ao Governo Federal, requerendo que a verba destinada ao Estado seja remanejada para outro tipo de energia, inclusive porque a população tem que saber o que é um empreendimento de tamanha importância e discutir sobre sua necessidade. 
Antes de tudo, sabemos que traria muito poucos benefícios para o Piauí, pois os empregos que criaria, além do grande risco, não seriam tantos para os piauienses que não têm nenhum técnico da especialidade, ao que sabemos. E a energia também não seria para nós. Eis que  assim chegamos perto do grande perigo atual: energia atômica. 
Para escrever sobre o assunto, li e pesquisei,ouvi professores, busquei na internet e pincei o conceito da palavra energia (etmologicamente vem do grego ergos, que significa trabalho). A definição científica é muito difícil de entendimento e tem várias. Eis uma delas que tirei da famoso enciclopédia http://www.wikipedia.org  " “Energia é uma das duas grandezas físicas necessárias à correta descrição do inter-relacionamento (sempre mútuo) entre dois entes ou sistemas físicos. A segunda grandeza é o momento. Os entes ou sistemas em interação trocam energia e momento, mas o fazem de forma que ambas as grandezas sempre obedeçam à respectiva lei de conservação.”
Alguns autores argumentam que a ciência não é capaz de definir energia, ao menos como um conceito independente. Entretanto, para esses mesmos autores, embora não se saiba o que é energia, sabe-se o que ela não é.  Outra definição, esta mais palatável, aqui transcrevemos:  “Qualquer coisa que esteja a trabalhar - por exemplo, a mover outro objeto, a deformá-lo ou a fazê-lo ser percorrido por uma corrente eléctrica - está a "gastar" a energia que possui transferindo-a ao sistema sobre o qual realiza o trabalho. Qualquer ente capaz de produzir trabalho possui energia armazenada”. 

O Prof. Erivelto, da UESPI – Campus de Parnaíba, gracejando, diz que quem chegar a explicar o que é energia ganhará o Prêmio Nobel. Meu filho Franklin, professor de Física, resume: “Energia é Deus”.
  Pelo lado prático e histórico, recordemos: O homo faber tira da natureza tudo o que “produz” com sua ciência. E as formas de energia mais comuns geradas pela ciência humana, para servirem aos desígnios do “crescer e multiplicar-se” são a energia mecânica, química, hidráulica, eólica e a nuclear.  Esta, a nuclear, por ser a mais perigosa, em menos de cem anos foi capaz de produzir três acidentes nucleares de grande proporção, cada um com suas características: Hiroshima e Nagazaki (1945), Chernobil (1986) e Fukushima (2011). Neste, houve o contributo, a provocação da natureza externa: o tsunami ocorrido no norte do Japão, recentemente. Como foi especial o primeiro por ter sido provocado, propositalmente, pelo homem. E esse homem ainda não tem o controle do planeta, não sabe quando e onde vai haver furacão, tremor de terra, explosão vulcânica, tsunami etc., muito menos pode impedi-los. E não há como construir usinas nucleares tão seguras que não venham a falhar e deixar ir para natureza, seus gazes, seus venenos mortais. No mínimo, os detritos ficam em forma de lixo atômico e serão encarcerados em túmulos, por milhares e milhares de anos. 
Se a insegurança é uma característica da cultura humana, como sabemos ser, quem será capaz de afirmar que, no futuro, principalmente se a energia nuclear vulgarizar-se, não surgirão grupos terroristas justamente com instintos tão perversos que possam depredar instalações nucleares? Terrorismo, ditaduras, governos corruptos, ciência e maldade juntas podem acabar com a Terra em um segundo. O pequeno acidente radiológico de Goiânia, no Brasil, em 1987, quando os moradores encontraram, num lixão, uma máquina hospitalar, que foi levada para casa e exposta a todos do bairro, visto que brilhava no escuro, é um grande aviso. Era uma pedra de sal de cloreto de Césio-137, um isótopo radioativo, de um hospital abandonado. E a tevê noticiou amplamente o fato e os males infligidos à população que teve contato com tão pequeno material.
          Assim, tendo em vista que há outras fontes que não a nuclear (eólica, solar, hidráulica, etc.) de onde se pode captar energia, cabe ao homem, principalmente aos cientistas e líderes, empresários e trabalhadores, enfim à sociedade ativa, trabalhar para que sejam escolhidas as melhores fontes com os menores riscos. Afinal de contas, o homem, por ser o mais inteligente dos animais do planeta, deve ser também o maior captador de benefícios para sua espécie.

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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, membro da Academia Piauiense de Letras (Piauí – Brasil), da União Brasileira de Escritores(São Paulo - Brasil) e da Associação Internacional de Escritores (Toledo, Ohio - USA)

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